sábado, 30 de abril de 2011

Cultos na Praça que Vai Desaparecer

A praça na década de 70 e antes do início das obras.


A tradicional praça Carlos Gianelli, em Alcântara, vai desaparecer. Em seu lugar será construído um centro de comércio e um novo terminal de ônibus. Há mais de 55 anos no bairro, nossa comunidade, como congregação e igreja, promoveu, ao longo desse tempo, vários cultos ao ar livre naquele local e participou de muitos outros, em parceria com as demais igrejas da região.


Lembro-me de alguns trabalhos que eram realizados nos domingos à tarde, um pouco antes do culto vespertino. Esses cultos ao ar livre não eram muito longos e, além dos cânticos e das orações, as pessoas ouviam a pregação da Palavra e eram convidadas a comparecer ao templo, para ouvirem mais da mensagem do Evangelho. Enquanto alguns irmãos participavam do culto, outros circulavam pela praça distribuindo folhetos. Depois, todos iam para o templo, levando as pessoas convidadas.


A praça vai desaparecer, mas aqueles momentos ficarão registrados para sempre na memória de muitos e na história da Igreja.


Joel Vasconcellos

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Boa Nostalgia




Saudade é uma palavra que não tem tradução em muitos idiomas, mas, aqui no Brasil, a gente bem sabe o que significa, ou melhor, sente o que significa.

Algumas horas à toa — raridade nos dias atuais — me reportam há alguns anos, quando nossa linda juventude compunha a página de um livro bom (parafraseando o 14 Bis). A viagem foi para vários lugares em que nossos jovens conviveram e foram felizes.

Como não lembrar mesmo dos retiros que fazíamos, quer chovesse, quer fizesse um sol escaldante? Nada que uma bela cachoeira não pudesse resolver com sua beleza e água gelada. Parecia lavar a alma...

As noites eram embaladas pelas tão esperadas serenatas. E como os rapazes caprichavam! “... desperta, vem ouvir essa canção, que a serenata é pra você, pra você, só pra você...” E a gente dormia de cansado, de tanto resistir ao sono, de tanto ter a alma alegre.

Dá saudade de um tempo precioso, das aventuras no mato, do leite fresquinho de manhã e até dos cochilos durante os estudos bíblicos à noite. Afinal, nenhum de nós era de ferro! E o pastor João percebia, e nos colocava em círculos, para ninguém dormir – rsrsrs.

É, isso tudo não pode ser expresso em palavras, nem em texto, porque é sentimento. E sentimento a gente vive, a gente transcende, a gente guarda pra sempre. Lembranças como essas são relíquias, valem muito.

Hoje é bom também, mas nós que vivemos o início de tudo, creio, somos privilegiados, porque sentimos os dois lados, vivemos meio que atemporais.

Ah, como sinto saudade dos nossos dias. E como sou agradecida a Deus por ter me permitido vivê-los tão intensamente!

Ele já preparava o nosso coração para essa tão normal nostalgia. Boa nostalgia.

Vania Vianna

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Bons Retiros



A UMP atual está tomando gosto pelos retiros. Embora eu não participe mais desses encontros durante o carnaval, guardo boas recordações dos vários retiros dos quais participei. São muitas lembranças, histórias contadas e recontadas nos momentos de descontração na igreja, e muitas imagens, que de vez em quando são reavivadas através de fotos postadas na internet por pessoas que experimentaram aqueles momentos e resolveram tirar do baú as coisas boas que vivenciaram.

Sambaetiba era um dos destinos mais comuns. Palcos de histórias como a da dificuldade de Williams em chegar ao sítio do retiro (ele ficou perdido no caminho, depois que desceu do ônibus) e a do dente também perdido de Samuel, em um mergulho na piscina. A casa cheia, também em Sambaetiba, quando alguns tiveram que dormir na cozinha, foi o cenário de um dos melhores retiros de que participei. E as serenatas, as cachoeiras de Tomascar e a participação em um aniversário de 15 anos em pleno sábado de carnaval? Sem falar na “escalada” de mais de duas horas montanha acima (uma paisagem de tirar o fôlego), também em Tomascar, atendendo a uma convocação do Rev. João, para uma visita na segunda-feira de carnaval? Enfim, histórias que o tempo não vai apagar.

Os estudos bíblicos e as dinâmicas de grupo nos faziam crescer cada vez mais no conhecimento da Palavra e na comunhão com os irmãos. As brincadeiras serviam para descontrair e as piscinas e cachoeiras lavavam nossas almas, preparando-as para mais um ano de luta.

Bons tempos aqueles, como também são bons os atuais.

Joel Vasconcellos

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma Jovem de 75 Anos



No próximo dia 21 de maio vai acontecer, em São Paulo, uma celebração. Jovens de todo o Brasil vão se reunir na maior cidade do País para celebrar um aniversário muito especial. A UMP — União de Mocidade Presbiteriana — estará completando 75 anos. Não ajudarei a soprar as velinhas (ou seria velhinhas?) desta vez, mas guardo boas lembranças de quando ela chegou aos 50, tão jovem como hoje a duas décadas e meia do centenário.
Como vai acontecer agora, nossa UMP ou a Federação, não lembro, organizou uma caravana, também para São Paulo, onde foi comemorado o cinquentenário. Numa sexta-feira fria de maio embarcamos para uma viagem noturna, com o objetivo de amanhecer em Sampa e participar da festa, no Centro de Eventos e Convenções do Anhembi. A parada em Resende, de madrugada, serviu para esquentar o frio com um chocolate quente de beira de estrada. Mas nosso destino era mais à frente, a terra da garoa, aonde chegamos naquele sábado festivo.
Logo ao entrar na cidade, fomos recebidos solenemente por um tremendo engarrafamento, numa daquelas marginais que vemos constantemente alagadas com qualquer chuvinha de verão. Mas faz parte. São Paulo sem engarrafamento não é São Paulo. Estranhamente não havia garoa e até estava fazendo calor, o que sugeria um passeio pela cidade, já que o culto estava marcado para as 14 horas. O pessoal da recepção nos colocou em outro ônibus, junto com jovens de outra região, e fomos conhecer a cidade. Grandes avenidas, prédios enormes e uma fome que já começava a incomodar.
Almoçamos em um restaurante de comida a peso, com direito a churrasco — esse tipo de restaurante naquela época era coisa rara. A fome era tanta que caímos em cima de tudo que estava exposto nas bandejas. Quando veio a carne, servida pelos garçons à mesa, já estávamos empanturrados de tanta comida. Quase perdemos o melhor do almoço.
Finalmente, o culto. O auditório estava cheio e foi uma bela celebração. Cânticos, orações e mensagens que marcaram aqueles que conseguiram ficar acordados, porque depois de uma noite de viagem, uma manhã de passeio e um almoço daqueles, a única coisa que conseguimos fazer durante o culto foi dormir, e dormir muito, até a hora de voltar para o ônibus e continuar dormindo até São Gonçalo.
Mas no domingo de manhã estávamos todos na Escola Dominical, comentando sobre a bênção que foi o culto.
Joel Vasconcellos

Os Presbiterianos e a Escola Dominical



O Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867) foi o primeiro missionário presbiteriano a se estabelecer no Brasil (12/8/1859) - antes dele esteve o Rev. James Cooley Fletcher (1823-1901). Todavia, ele não pregou em português nem fundou igreja alguma, pois esta não era a sua missão, contudo, realizou um trabalho notável.

Simonton, antes de vir para o Brasil, estudara um pouco o português em New York. No entanto, não se sentia seguro, como é natural, para pregar nesta nova e difícil língua.

Nesses primeiros meses de Simonton no Rio de Janeiro torna-se visível a sua angústia por não conseguir aprender o português tão rapidamente como gostaria; ele se ofereceu a algumas pessoas para ensinar o inglês ou outra língua morta, enquanto elas, no caso, ensinariam-lhe o português ou, se não fosse o caso, ele forçosamente aprenderia o português, por ser obrigado a conversar com seus alunos na língua materna deles. Aqui dois personagens devem ser destacados. O primeiro, é o Dr. Manuel Pacheco da Silva (1812-1889), a quem Simonton trouxera carta de apresentação remetida por Fletcher. O Dr. Pacheco era um intelectual, diretor do Externato do Colégio Imperial Dom Pedro II de 1855 a 1872, função que exerceu com competência. Ele era amigo de Fletcher e tornou-se amigo, aluno de inglês e confidente de Simonton. No início de seus contatos, o Dr. Pacheco ofereceu-se para ajudá-lo do estudo do português e Simonton retribuiu a oferta para o estudo do Hebraico. Foi ele quem apresentou Simonton ao segundo personagem, que destaco; o Dr. Teófilo Neves Leão, que era Secretário da Instrução Pública, o qual "prometeu ajudá-lo a conseguir uma licença de professor, necessária para que pudesse legalmente abrir uma escola particular".

Os dois tornaram-se amigos e, em dezembro de 1859, Simonton registra: "Começamos no dia seguinte (a aprender português e a ensinar inglês) e agora vou diariamente a seu escritório às duas horas. É importante ter como professor alguém que tenha bom conhecimento da língua".

Apesar destes esforços, Simonton continuou tendo dificuldade com a língua e, nas duas vezes em que anunciou no jornal a sua disposição de ensinar, não apareceram alunos.

Em 02/01/1860, Simonton mudou de residência, indo morar com uma família que falava o português: "Muitos esforços e orações foram coroados de êxito e moro em casa onde posso ouvir e falar o português (...) Estou bem instalado, mais que esperava em casa de fala portuguesa; já era mais que tempo de saber a língua da terra".

Finalmente, em 22 de abril de 1860, ele começou uma classe de Escola Dominical no Rio de Janeiro, ao que parece na casa do Sr. Grunting, onde havia alugado um quarto para a sua residência, desde 10/4/1860, por um período de quase seis meses. Este foi o seu primeiro trabalho em português. Os textos usados com as cinco crianças presentes (três americanas da família Eubank e duas alemãs da família Knaack) foram: A Bíblia, O Catecismo de História Sagrada e o Progresso do Peregrino, de Bunyan. Duas das crianças, Amália e Mariquinhas (Knaack), confessaram ou demonstraram na segunda aula (29/04/1860) terem dificuldade em entender John Bunyan.

A primeira Escola Dominical organizada em São Paulo pelos presbiterianos ocorreu no dia 17 de abril de 1864, às 15 horas, com sete crianças, sob a direção do Rev. Alexander L. Blackford (1829-1890), que se encontrava no Brasil desde 25/7/1860 e, em São Paulo, desde 09/10/1863. Este trabalho permaneceu e posteriormente o seu horário foi transferido para as 10 horas, sendo seguido de um ato de Culto.
Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa 

domingo, 17 de abril de 2011

O Pequeno Arthur



Frequentemente acompanhamos com o olhar os pequenos passos do nosso querido Arthur, que está crescendo na Igreja, sob os afagos de um ou outro membro. Arthur constantemente recebe os cuidados protetores de todos, que o põem no colo para que não tropece, para que não saia correndo e se machuque, para que não vá ao segundo andar sozinho. São os mesmos que se preocupam com o seu choro, mas que também se encantam com o seu sorriso meigo e surpreendente, próprio de uma criança feliz, com suas costumeiras peraltices, que inicia seu longo caminho, ainda meio inseguro, porém cercado pelos mimos familiares e de seus irmãos de fé.

Pensar em Arthur nos sugere voltar no tempo e tentar lembrar que a mesma trajetória deve ter acontecido com sua mãe Ákila, que inúmeras vezes passeou pelos corredores do nosso templo, sentou-se em diferentes bancos, cantou na frente de todos mesmo envergonhada, frequentou a UCP, declamou versículos e, atingindo uma idade maior, fez a todos emocionar quando, sob a autoridade afetuosa do nosso Pastor, contraiu matrimônio, começando um novo ciclo em sua vida.

Talvez não diferente tenha sido a história de Miriam, mãe de Ákila, que, num passado um pouco distante, porém vivo, achegou-se à Igreja para orar, para participar de suas atividades e, num ficar aqui, cresceu, constituiu família e deve estar agora sentada num banco, no qual suas filhas já se sentaram várias vezes e que, provavelmente, será ocupado pelo seu neto.
Mas é bem verdade que essa história não começa e nem se encerra em Arthur. Ela tem seu início em 1956, com os passos singulares de D. Almedina Figueira nesta Igreja. Ela agora se compõe de um olhar meio acinzentado, de quem já viu de tudo e que ainda guarda a grande capacidade de estar disponível para ver... sua filha envelhecer, sua neta amadurecer e seu bisneto crescer.

Essa é somente uma das tantas e tantas histórias que se escondem nas paredes deste local que Deus permite a você estar. Quantas outras temos a resgatar de um papel envelhecido, de uma foto antiga, de uma memória esquecida, que só necessita de uma faísca para acender-se. Seja você também uma faísca, nos trazendo alguma fonte documental (fotos, filmagens, objetos e algo mais) para que possamos refazer a nossa teia da memória, reconstituindo os passos da Igreja Presbiteriana de Alcântara, que vive pela graça e obra de um Deus vivo, que faz com que eu e você, nós, estejamos aqui neste momento, e que tantos outros venham para contar e recontar uma história que é de todos.


Carla Souza de Almeida dos Anjos

sábado, 16 de abril de 2011

Secretaria de História da Igreja Presbiteriana de Alcântara


Nosso trabalho teve início com a busca e a análise de fontes documentais, que, por terem como objetivo principal estruturar e organizar as funções eclesiásticas de nossa Igreja, revelam aspectos bem particulares de sua instituição, reconstituindo fatos que se legitimaram e se legitimam pelo registro constante de tudo o que foi feito no decorrer dos mais de 50 anos de sua existência.  
Sendo assim, estamos realizando o levantamento de documentos que datam principalmente do ano de 1956 e que vão até os dias de hoje. São livros diversos, que se dividem em:

Termo de Casamento Religioso
Livro de Registros de Casamento
Livro de anotações de nomes de irmãos que já foram membros desta Igreja
Livro de Registro dos Membros da Igreja de Alcântara
Livro de Atas da UMP
Livro de Atas da Diretoria da UMP
Livro de Frequência da UMP
Livro de Atas da Junta Diaconal
Livro da Tesouraria
Livro de assinaturas dos membros presentes às assembleias da UMP
Livro de Registro Permanente de Batismos de Crianças
Livro de Contribuições Mensais ou Dízimos
Livro de Atas da “Bandinha Infantil Aleluia”, da IPA
Livro de Atas do Conjunto Coral Rev. Trazilbo Filgueiras
Livro de Atas da SAF
Livro de Atas do Conselho da Igreja
Livro de Atas da Assembleia da IPA e muitos outros...

Cada divisão acima citada engloba um número expressivo de edições, que vão aumentar ainda mais, pois a nossa pesquisa só está começando. Avaliar este patrimônio existente, catalogando-o e organizando-o de acordo com o seu conteúdo e cronologia, é uma tarefa de extrema importância, para que possamos não somente utilizá-lo nas pesquisas, como também divulgá-lo.
Somando-se a esse estudo, estamos identificando fotos antigas, buscando digitalizá-las. Também passaremos a coletar relatos de membros pioneiros — alguns deles participaram da fundação da Igreja — que, com suas memórias, possam nos ajudar a reconstituir os fatos.

Em Memória da Fé



A Reforma Protestante, composta por Lutero em 1517, tão necessária em sua época, e metodicamente sistematizada por João Calvino, espalhou-se mundialmente, estabeleceu formas, criou ramificações, mas especificou certo tipo de credo, que se tornou ambíguo em muitas instituições eclesiásticas surgidas posteriormente, mas que também se preservou em muitas delas. Portanto, é importante perceber que aspectos determinaram que tais instituições guardassem os mesmos pressupostos que lhe deram origem e se mantivessem fiéis não somente à tradição, mas também aos aspectos que legitimaram a sua história.


Nascida há mais de 150 anos, a Igreja Presbiteriana do Brasil multiplicou-se tanto como queria o Rev. Ashbel Green Simonton, ou pelo exemplo de homens notáveis como o Rev. José Manoel da Conceição, que, guiados por uma fé inabalável, lançaram as primeiras sementes doutrinárias de um protestantismo profundamente pontuado pelo estudo da palavra.


Levantar a origem de qualquer Igreja Presbiteriana no Brasil é ressaltar que os procedimentos que possibilitaram o seu surgimento repetiram, se não exatamente, mas pelo menos em traços significativos, as características dos primórdios do Presbiterianismo em solos brasileiros, que se balizaram sempre na extrema vocação para o ide. É contar a trajetória de homens, de mulheres, ou seja, de famílias inteiras que, num ato de obediência, se fizeram presentes e se dispuseram a dar origem ao surgimento de diversas congregações, que seriam futuras Igrejas, com o único objetivo de semear o amor de Deus. E foi por um desses chamados que se fez realidade a fundação da Igreja Presbiteriana no bairro de Alcântara, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, em 15 de agosto de 1956.


Conhecer e preservar a memória da Igreja Presbiteriana é celebrar os seus tantos anos de fundação. É saber de suas dificuldades para se manter e crescer, valorizando cada um dos personagens que participaram e participam ativamente de sua existência, tornando possível a perpetuação dos alicerces de sua doutrina. É delimitar “modos de viver” de pessoas que, com suas semelhanças ou diferenças, trilharam caminhos até o agora, e que, por compartilharem de uma só crença, corporificaram a Igreja Presbiteriana do Brasil em Alcântara, construindo sua história, o que justifica sua unidade no presente e o que com certeza será o seu sustentáculo no futuro.


Carla Souza de Almeida dos Anjos