terça-feira, 13 de setembro de 2011

A Pregação dos Pioneiros Presbiterianos no Brasil: Uma Análise Preliminar




Desde o século 16, a ênfase à palavra falada e escrita tem sido um dos elementos mais distintivos da mentalidade protestante. Em contraste com o catolicismo, com a sua grande complexidade simbólica e ritualística, a espiritualidade protestante clássica é despojada, comedida, austera. Carentes de outras formas de expressão, os protestantes acabaram dando uma ênfase maciça à comunicação verbal através de seus escritos, de seus hinos e de suas pregações. A antipatia da mentalidade protestante pelo ritual pode ser vista até mesmo na área sacramental. Além de aceitarem apenas dois sacramentos, os herdeiros da Reforma dão ênfase não aos elementos materiais em si (pão, vinho, água), mas ao seu significado espiritual, e o fazem por meio de muitas explicações, de um discurso elaborado.

Mais especificamente, os protestantes valorizam a “Palavra”, isto é, a Escritura Sagrada. Outra vez em contraste com a Igreja Católica, que baseia as suas convicções no tripé composto por Escritura, Tradição e Magistério, o protestantismo se concentra de modo especial na Bíblia, embora não deixe de ter as suas próprias formas de tradição e magistério eclesiástico. A Escritura se torna, no universo protestante, o ponto focal da teologia, do culto e da vida espiritual. Todos os aspectos da vida cristã, quer individual, quer comunitária, são analisados e entendidos com referência à Palavra de Deus.

A centralidade da “Palavra” e da “palavra” se evidenciou em muitas áreas, mas especialmente no culto, a manifestação mais visível e concreta da vida da igreja. Em virtude da sua importância capital, a Escritura precisava ser estudada, interpretada e ensinada. Daí a tremenda ênfase dada ao púlpito e à pregação na vida das igrejas da Reforma.[1] Os pastores passaram a ser designados especificamente como os “ministros da Palavra” (minister verbum Dei ou minister verbi divini). Suas funções mais importantes eram pregar a Palavra e ministrar os sacramentos. Na tradição reformada ou calvinista, a “fiel exposição da Palavra” passou a ser a primeira e a mais importante das marcas da igreja. Essas ênfases foram levadas pelos missionários aos países em que trabalharam.

O objetivo deste artigo é fazer uma análise introdutória da pregação dos primeiros obreiros presbiterianos do Brasil, tanto estrangeiros quanto nacionais. Inicialmente são feitas algumas considerações sobre a pregação na tradição reformada, na Europa e nos Estados Unidos. Em seguida, são abordadas a formação teológica e as práticas de pregação dos pioneiros presbiterianos no Brasil. Finalmente, é feito um levantamento geral do primeiro periódico presbiteriano brasileiro voltado para a publicação de sermões, O Púlpito Evangélico (1888-1900), destacando-se as suas principais características e o seu conteúdo.

Alderi Souza de Matos


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